A mulher que amo está perdida dentro da própria cabeça. Estou procurando-a há quatorze dias e tentando encontrá-la, mas é difícil. É uma agonia mortal e é difícil pra caramba; é como se Agustina estivesse falando uma língua estrangeira que Aguilar conhece vagamente, mas não consegue entender."

Laura Restrepo em "Delírio," 2004

 

Entre os ângulos do triângulo e de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os delírios são distúrbios cognitivos nos quais as pessoas apresentam diminuição da clareza ou "consciência turva", confusão, perplexidade, estados de alarme, distúrbios e/ou perdas de memória de curto prazo, bem como desorientação temporal e espacial. Os delírios podem se desenvolver ao longo de horas ou dias e variar em gravidade. Eles tornam-se mais fortes e abundantes durante a noite. No entanto, pode haver intervalos lúcidos de minutos entre um delírio e outro...

 

De outro ângulo mais transcendental do mesmo triângulo e para diferentes mestres de sabedoria ancestral, o delírio do mistério faz parte do caminho místico e de seus protocolos. Os delírios são as margens das pegadas que levam a outros mundos no caminho do amadurecimento espiritual. Nesse processo, alguns sonhos se disfarçam de delírios para abrir portas para antigas terras imortais.

Nas visões e sonhos facilitados pelas medicinas espirituais, o delírio se confunde com pistas, chaves que vêm do inconsciente na forma de mensagens que podem ser proféticas, por si só. Aqui dançamos com o delírio como energia e muito criativo.